Noções de Probabilidade II

Vimos na aula anterior, que num espaço amostral U, finito e equiprovável, a probabilidade de ocorrência de um evento A é dada por:

onde n(A) = n.º de elementos de A e n(U) = n.º de elementos de U.

Sabe-se que p(A) é um número real que pode assumir valores de 0 a 1, sendo p(A) = 0, a probabilidade de um evento impossível (conjunto vazio) e p(A) = 1, a probabilidade de um evento certo (conjunto universo).
Já sabemos também que definido um evento A, podemos considerar o seu evento complementar A’ = {x
Î U; x Ï A}. 
Além disto, vimos que p(A’) = 1 –  p(A).

Vejamos um exemplo de aplicação imediata das fórmulas acima:

Ao sortear ao acaso um dos números naturais menores que 100, qual a probabilidade do número sorteado ser menor do que 30?

Ora, neste caso, o nosso espaço amostral é: U = {0,1,2,3, ... , 99}.
O evento A é igual a: A ={0,1,2,3, ... , 29}.
O evento complementar de A é igual a: A’= {30,31,32, ... , 99}.
Temos que: n(U) = 100, n(A) = 30 e n(A’) = 70.
Portanto:
p(A) = 30/100 = 0,30 = 30%
p(A’) = 70/100 = 0,70 = 70%

Vemos que p(A) + p(A’) = 0,30 + 0,70 = 1, o que confirma que a probabilidade de um evento somada à probabilidade do seu evento complementar, é igual à unidade.

Vimos também na aula anterior que, sendo A e B dois eventos do espaço amostral U, podemos escrever:
p(A
È B) = p(A) + p(B) – p(A Ç B)

Vejamos um exemplo de aplicação da fórmula supra:

No lançamento de um dado, determine a probabilidade de se obter um número ímpar ou mais de 4 pontos na face de cima.

Ora, neste caso, teremos:
Espaço amostral: U = {1,2,3,4,5,6}
\ n(U) = 6
Evento A: A = {1,3,5}
\ n(A) = 3
Evento B: B = {5,6}
\ n(B) = 2
Evento interseção: A
Ç B = {5} \ n(A Ç B) = 1
Então, vem: p(A
È B) = 3/6 + 2/6 – 1/6 = 4/6 = 2/3 = 0,6667 = 66,67%.

NOTA: Se A
Ç B = f , então dizemos que A e B são eventos mutuamente exclusivos, e, neste caso, 
p(A
È B) = p(A) + p(B),  já que p(Æ) = 0 [evento impossível].

Vejamos um exemplo ilustrativo do caso acima:

Suponha que no lançamento de um dado, deseja-se saber qual a probabilidade de se obter um número par ou um número menor do que 2.

Temos os seguintes eventos:
A = {2,4,6}
\ n(A) = 3
B = {1}
\ n(B) = 1
A
Ç B = Æ \ n(A Ç B) = 0
Portanto, p(A
È B) = 3/6 + 1/6 = 4/6 = 2/3 = 0,6667 = 66,67%

Vimos também na aula anterior, que a probabilidade de ocorrência simultânea de dois eventos A e B é dada por: 
p(A
Ç B) = p(A) . p(B/A) OU   p(A Ç B) = p(B) . p(A/B)
onde:
p(A/B) = probabilidade de ocorrer A, sabendo-se que ocorreu o evento B.
p(B/A) = probabilidade de ocorrer B, sabendo-se que ocorreu o evento A.

Se a ocorrência do evento B  não modifica a chance de ocorrer o evento A, diremos que os eventos A e B são INDEPENDENTES e, neste caso, teremos que p(B/A) = p(B), e a fórmula resume-se a:
p(A
Ç B) = p(A).p(B)

O exemplo ilustrativo a seguir, ajudará a entender a afirmação supra:

Qual a probabilidade de em dois lançamentos de um dado, se obter número par no primeiro e número ímpar no segundo?

Ora, os eventos são obviamente independentes, pois a ocorrência de um não afeta o outro. 
Logo, teremos:
p(A
Ç B) = p(A).p(B) = 3/6 . 3/6 = 1/2.1/2 = 1/4 = 0,25 = 25%.

Vejamos agora, um exemplo de eventos dependentes:

Suponha que uma caixa possui duas bolas pretas e quatro verdes, e, outra caixa possui uma bola preta e três bolas verdes. Passa-se uma bola da primeira caixa para a segunda, e retira-se uma bola da segunda caixa. Qual a probabilidade de que a bola retirada da segunda caixa seja verde?

Este problema envolve dois eventos mutuamente exclusivos, quais sejam:
Ou a bola transferida é verde ou a bola transferida é preta.

Ora, teremos: (observe atentamente a simbologia utilizada, comparando com o que foi dito anteriormente).

1ª possibilidade: a bola transferida é verde :

Probabilidade de que a bola transferida seja verde = p(V) = 4/6 = 2/3 
(4 bolas verdes em 6).
Portanto, a probabilidade que saia BOLA VERDE na 2ª caixa, supondo-se que a bola transferida é de cor VERDE, será igual a:
P(V/V’) = 4/5 (a segunda caixa possui agora, 3 bolas verdes + 1 bola verde transferida + 1 bola preta, portanto, 4 bolas verdes em 5).
Pela regra da probabilidade condicional, vem:
P(V
Ç V’) = p(V) . p(V/V’) = 2/3 . 4/5 = 8/15

2ª possibilidade: a bola transferida é preta :

Probabilidade de que a bola transferida seja preta = p(P) = 2/6 = 1/3
(2 bolas pretas e 4 verdes, num total de 6).
Portanto, a probabilidade que saia BOLA VERDE, supondo-se que a bola transferida é de cor PRETA, será igual a:
P(V/P) = 3/5 (observe que a segunda caixa possui agora, 1 bola preta + 3 bolas verdes + 1 bola preta transferida = 5 bolas).
Daí, vem:
p(V
Ç P) = p(P) . p(V/P) = 1/3 . 3/5 = 1/5.

Finalmente vem:
P[(V
Ç V’) È (V Ç P)] = p(V Ç V’) + p(V Ç P) = 8/15 + 1/5 = 8/15 + 3/15 = 11/15, que é a resposta do problema.
Mas 11/15 = 0,7333 = 73,33%
Portanto, a probabilidade de que saia uma bola verde é de 73,33%.

Uma interpretação válida para o problema acima é que se o experimento descrito for repetido 100 vezes, em aproximadamente 73 vezes será obtido bola verde. Se o experimento for repetido 1000 vezes, em aproximadamente 733 vezes será obtido bola verde; e se o experimento for repetido um milhão de vezes? 
Resposta: obteremos bola verde em aproximadamente 7333 vezes. Perceberam?

Agora, resolva este:

Uma caixa contém três bolas vermelhas e cinco bolas brancas e outra possui duas bolas vermelhas e três bolas brancas. Considerando-se que uma bola é transferida da primeira caixa para a segunda, e que uma bola é retirada da segunda caixa, podemos afirmar que a probabilidade de que a bola retirada seja da cor vermelha é:
a) 18/75
b) 19/45
c) 19/48
d) 18/45
e) 19/75

Resposta: C

Nota: 19/48 = 39,58%, ou seja, em 10.000 experimentos, seriam obtidos aproximadamente 3958 bolas brancas. Em 100 experimentos? Claro que teríamos aproximadamente 39 bolas brancas. 

Paulo Marques - Feira de Santana/BA - arquivo revisado em 26/12/2000.

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